domingo, 13 de março de 2022

Rejuvenesce

 Disse certa vez o poeta:

"A poesia prevalece!"

De certo, o escrito envelhece

De escrita o estilo envelhece

Mas o sentimento dos versos,

A cada vez que relidos,

Este rejuvenesce

Saudade

 A morte fere

Não importa a idade

Não importam as consequências

Sentiremos a saudade


De lembranças a mente

De tristeza o coração

Nos enchemos de vazio

Vaza em lágrimas a emoção

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Teu Livro de Cabeceira

 E hoje acordei com um único desejo

Tocar teus lábios através dos teus dedos

Ser teu livro, em teu leito, ser lido


Página a página, ser devorado

Ânsia pelo ápice de verdade

Mas instantânea saudade

Ao ter terminado


Te transportar para bem longe

A noite inteira

De pés, da cama, de cabeceira


Uma única gravura:

Um chafariz!

Ter ação, aventura

E um final feliz...

terça-feira, 30 de junho de 2020

Comprimido

Em cada ponto uma dor
Em cada parte uma tensão

Nos ombros
Estranha combinação
Primeiro, o peso
Exige o limite da resistência

Aparentemente suportável
Curta fosse sua estadia
Mas faz sentir que há décadas
Ali habita, empoleirado

Parece comprimir o corpo
A gravidade como aliada
Rebaixando cada vez mais
Um velho jovem, castigado

Oprime de tal forma
Que a escápula também se comprime
Cansando o diafragma
Limitando os pulmões

Ao mesmo tempo,
O mais comprimido dos ombros
O direito, onde se sente maior peso
Sinto estar sendo arrancado
Parece, me querem tirá-lo

Nele, o anzol
Invadiu a clavícula
Rasgou a carne
Seguiu seu caminho

Em sua curva
Atingiu a cervical
A qualquer movimento
Range nas vértebras

Os cansados quadris, sem uma lombar
Forte o suficiente para os apoiar
Perdem a mobilidade
Entregam-se aos sinais da idade

Com desproporcionais estalos
Os joelhos reclamam
Nas pernas,
Limitada circulação

Por todos os males
O corpo oprimido
Enxerga seu Midas
Em qualquer comprimido...

sábado, 16 de maio de 2020

Senhora


É porque, Senhora
Pra escrever
Não tem hora

A gente se abre
Põe pra fora
O que nasce no peito
E em rima extrapola

Escreve do amor
Escreve da dor
Do cheiro, do gosto
Do tato e da cor

Das conversas de antes
E das de agora
Por isso escrevi
Sobre você,
Senhora

Aprisionados

Eu sei
Você me pediu
Assim de repente
Para escrever
Sobre o que eu quiser
O que vier na mente

Mas o pensamento
Fala da gente
E é tão profano
Sim, é tão quente
Que pode não ser
Considerado descente

Então o que faço?
A ele renego?
Vida a este texto
Eu nego?
Ou levo à frente?

Eu nos exponho?
Tão publicamente?
Ou finjo que não
Repreendo a paixão
E o desejo ardente?

Conectados

A ponte nasce no olhos
Fixos, conectados
Desvio os meus pra tua boca
Os teus miram meus lábios

Se esta escada não abrigasse
Tantos outros olhos
Seriam os lábios,
Nossa nova ponte

Por eles, ligados
Os corpos, colados

Minha mão, teu pescoço
Minha barba, teu rosto