quarta-feira, 28 de outubro de 2015

No seio do caminho ou No colo do Mundo

O colo do inimigo
Tão hostil quanto
O do falso amigo
É nele que me deito

Em nenhum deles me deleito
Apenas descanso
No primeiro peito
Que no caminho encontro

Num mundo de desencontros
Que não mais espalha os contos
Permitindo que a cada canto
Se semeiem os desencantos

Nos permitimos o desluxo
Mergulhamos em abismos
Apreciamos o lixo
Cumpliciamos abusos

Neste peito e nesse mundo
Nesse mundo e neste peito
Embora me sentindo imundo
Sigo buscando respeito

E

Quando enfim me levanto
O pó digno-me a sacudir
Já não me cabe o pranto

O que resta é partir

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sem Tidos

Sinto na pele o amargo das tuas palavras
Vejo dor no teu canto
O gosto sem cor do teu pranto
Ouço as cicatrizes que a cegueira te infligiu

O som do teu choro não me desce na garganta
Já não sinto gosto do que levas na cabeça
Meus olhos agitados com as palavras que cantas
Sinto a derme arranhar com o teu cheiro de tristeza

Nos sentidos não vi sentido
Nossas almas não se tocaram
As idéias se perderam
E os corpos se isolaram