sábado, 16 de maio de 2020

Senhora


É porque, Senhora
Pra escrever
Não tem hora

A gente se abre
Põe pra fora
O que nasce no peito
E em rima extrapola

Escreve do amor
Escreve da dor
Do cheiro, do gosto
Do tato e da cor

Das conversas de antes
E das de agora
Por isso escrevi
Sobre você,
Senhora

Aprisionados

Eu sei
Você me pediu
Assim de repente
Para escrever
Sobre o que eu quiser
O que vier na mente

Mas o pensamento
Fala da gente
E é tão profano
Sim, é tão quente
Que pode não ser
Considerado descente

Então o que faço?
A ele renego?
Vida a este texto
Eu nego?
Ou levo à frente?

Eu nos exponho?
Tão publicamente?
Ou finjo que não
Repreendo a paixão
E o desejo ardente?

Conectados

A ponte nasce no olhos
Fixos, conectados
Desvio os meus pra tua boca
Os teus miram meus lábios

Se esta escada não abrigasse
Tantos outros olhos
Seriam os lábios,
Nossa nova ponte

Por eles, ligados
Os corpos, colados

Minha mão, teu pescoço
Minha barba, teu rosto

Abrir Coração

Coube ao tempo
Nos aproximar
Fechando os cânions
Formados pelas feridas
Abertas pela emoção

Não veio no vento
O confiar
Tecido com panos
De idas e vindas
Paz e confusão

Até o momento
De tudo abrandar
Enfim nos falamos
Palavras bem-vindas
Abrir coração